Este artigo tem como intuito promover um resgate das minhas experiências profissionais e compartilhar o “caminho das pedras” que me levaram até onde estou agora.
Para quem não sabe, minha primeira formação foi em Marketing, foram 4 longos anos conhecendo de tudo um pouco sobre Marketing e embora eu trabalhasse alguns anos com marketing de serviços, foi o marketing digital que me levou aos caminhos mais diferentes e incríveis que já percorri.
Mas não posso negar que trabalhar com marketing de serviços, tanto na Vivo quanto na AnyHelp (empresa espanhola com sede em São Paulo) me ajudaram muito. Destaco a experiência com a Anyhelp, pois além de entender das regras de negócios de cada cliente, todos da área de tecnologia, tive uma baita oportunidade para aprender espanhol.
Depois de me sentir pressionada e exausta pela cultura do mercado canibalista, me senti obrigada a tirar um período sabático para cuidar da minha saúde física e mental. Foi onde o marketing digital, com o Projeto Implantando Marketing, me acolheu e me proporcionou experiências incríveis, como criar uma consultoria com a Vanessa Alkmim e trabalhar com o Henrique Carvalho, do Viver de Blog, e o Alexandre Magno, na Happy Melly Br e Learning 3.0.
Depois de quase 5 anos tendo autonomia dos meus horários, oportunidades de fazer viagens e me dedicar ao que eu realmente amava, surgiu a oportunidade de criar cursos online para a Alura.
Lembro-me do dia que sai de Atibaia, até então morava lá com meus pais, e vim para a Vila Mariana, em São Paulo, conversar com dois diretores da Alura. Foi uma conversa muito agradável, onde pela primeira vez pude colocar algumas condições para eu trabalhar com eles: preciso de flexibilidade no horário e já tenho algumas viagens programadas, portanto em alguns períodos ficarei ausente. A resposta foi: “Claro, tudo bem!”.
Sai da conversa com a sensação de que novos aprendizados e oportunidades viriam, e eu estava certíssima!
Com muito otimismo, comecei a criar cursos sobre marketing de conteúdo, redes sociais… Até que chegou o duro momento de fazer uma nova escolha: focar minhas energias em outros projetos ou somente na Alura?
E foi exatamente nessa fase em que tive que avaliar cuidadosamente, mais uma vez, a escolha que faria. E foi então que optei em sair dos demais projetos para dedicar 100% da minha atenção para Alura, foi uma aposta, e depois de quase 5 anos, vejo que foi uma excelente escolha.
Conforme comecei a criar os cursos e por mais que eu tivesse apoio do time de revisão de didática, sempre me preocupei em passar o conteúdo do curso da melhor maneira possível, a que fizesse mais sentido para os estudantes, que facilitasse o aprendizado deles, e foi então que decidi fazer uma pós em neurociência aplicada à educação.
A pós teve duração de dois anos e foi um período muito especial, onde descobri um universo dentro da psicologia e neurociências. De 4 disciplinas que eu tinha por semestre, 4 eram sobre psicologia. Quando conclui o curso tinha uma nova certeza: eu preciso cursar psicologia! E foi exatamente isso o que eu fiz, entreguei meu artigo no dia 22 de Dezembro (quase ceiamos na sala de aula, rs…) e no dia 18 de Fevereiro de 2018 eu estava assistindo minha primeira aula no curso de Psicologia.
Contei tudo isso só para dizer que o primeiro passo importante que dei para me preparar como instrutora foi estudar, estudar muito!
Além disso, é importante levar em consideração que a sua rotina profissional como instrutor ou instrutora é basicamente estudar e escrever. Mas Priscila, eu não sou muito ligado em ler e escrever, será que vou conseguir ser um instrutor?
Bem, não consigo te afirmar, baseado na minha experiência e na convivência com os demais colegas instrutores, noto que temos uma rotina de estudos e prática constante. Pode ser que uma pessoa extremamente iluminada crie conteúdos incríveis? Pode ser sim, mas só a prática vai demonstrar se essa hipóteses é aplicável ou refutável.
O ponto que quero destacar é que estudar é fundamental para quem quer trabalhar com educação. Um dos motivos que me levaram a cursar Psicologia é a minha curiosidade em relação ao comportamento humano, inicialmente focado no processo de ensino aprendizagem e que hoje me faz pensar em diversas áreas de atuação.
Eis outro ponto que quero destacar: a importância de mantermos a nossa curiosidade sempre ativa, a curiosidade saudável. Comumente relacionamos o termo curiosidade à fofoca, a querer saber coisas alheias, não é mesmo? Mas esse não é o caso. =)
Mas enfim, voltando ao nosso assunto, estimule sua criatividade, não se conforme com uma única resposta, com uma única forma de ver o mundo. E é justamente essa capacidade de lidar com a pluralidade de ideias, de conhecer cada dia algo novo e poder ensinar isso é que me motiva a seguir em frente.
Não existe maneira mais didática de estimular a nossa criatividade se não for pela leitura. Você conhece outros modos? Compartilha comigo nos comentários, pois como boa curiosa que sou, gosto de descobrir novas teorias, praticar e ajustar as coisas para descobrir novos modos de ser uma pessoa melhor. =)
Perdi as contas de quantos livros já li ao longo da minha vida. Claro que não posso me comparar ao Bill Gates, que anualmente publica sua lista de livros do anos, mas posso dizer que li muitas coisas que me ensinaram e me ajudaram a ensinar outras pessoas.
Partindo desse princípio, é importante mencionar que a minha visão de mundo vai enviesar o que eu crio, e está tudo bem, afinal de contas, precisamos partir de algum ponto, então nada mais justo que seja através do que aprendemos ao longo da vida.
Tomo muito cuidado com essa questão, pois os anos de experiência de vida me ensinaram, muitas vezes da forma mais dolorosa, que a minha visão de mundo não é única, não é padronizada e que é importante tomar muito cuidado com os “achismos”. Se tem algo, na minha opinião, que empobrece a forma com que as pessoas se comunicam e se relacionam é pautar suas relações no achismo. Você tem todo o direito de manter suas crenças, mas cuidado para não tentar impor uma verdadeira única e pessoal. E é nesse contexto que quero destacar um dos maiores aprendizados que a psicologia social me ofereceu.
Conhecer e praticar o conceito de socialização primária e secundária faz parte da vida de todas as pessoas, inclusive (e principalmente) do educador. Isso quer dizer que a Socialização Primária é vivida na infância, no convívio com a familiar. O afeto faz parte dessa relação de construção de conceitos. A Socialização Secundária é a que introduz o indivíduo que já passou pela socialização primária a um novo contato, onde o mesmo passa a viver realidades diferentes e conhecer pessoas diferentes. E é nesse momento em que percebemos que um indivíduo está disponível a lidar com suas crenças, quebrar tabus e até mesmo ter empatia pelo outro. Um indivíduo que fica arraigado em suas crenças pessoais e não está disposto nem disponível a ouvir (e perceba que em nenhum momento citei a frase “mudar de ideia”) o outro e se for o caso, aprender com o que ele tem a compartilhar.
Você já deve ter percebido o quanto o mundo vive em dicotomia, certo? Relacionamos tudo aos extremos: direita e esquerda, prazer e dor, mal e bem… Manter o nosso ponto de vista é saudável e importante, mas não precisamos levar tudo ao pé da letra. E olhe que a inflexibilidade foi por muito tempo um dos meus pontos mais fracos, porque se alguém discordasse de mim, sobre o tema que fosse, era motivo para eu cortar a relação que fosse na hora. Veja um clássico exemplo de como eu me comportava quando estava presa na minha socialização primária.
Perceba que desenvolver a flexibilidade também é uma importante característica de quem atua, ou quer atuar, com a educação.
Saber lidar com as críticas é fundamental para extrair ideias de como melhorar o nosso trabalho. Antes eu ficava remoendo por dias o feedback negativo que recebia em relação a um curso ou ainda buscava somente os elogios e ignorava os negativos, porque eu sabia que ficaria chateada por dias… Ninguém gosta de ser criticado porque o outro me valida, quero dizer, se o outro não me reconhece, sinto que meu trabalho não é importante e quem gosta de se sentir assim?
Então perceba que aprender a lidar com feedbacks ruins também faz parte desse processo. Já presenciei várias situações, e aqui englobo os longos anos em que atuei no mercado, onde me disseram: “Priscila, vou te dar um feedback sobre o seu trabalho”, e na verdade eu recebia uma avalanche de críticas destrutivas.Gente! Um feedback precisa ser claro, objetivo, precisa fazer sentido para quem recebe. Foram dias difíceis, mas tirei bons aprendizados sobre eles: se quero me posicionar na minha profissão, preciso tirar proveito de tudo isso e foi exatamente o que eu fiz. Quando aprendi o conceito de Epoché, que segundo Husserl, significa a suspensão do mundo, como que parado no tempo, embora com todas as suas características presentes e, por isso, passíveis de serem analisadas “de fora”, por um observador exterior, me ajudou a criar um afastamento da situação.
Não levar para o pessoal foi muito difícil para mim, mas quando conheci esse conceito de Suspensão do juízo, comecei a criar uma espécie de parênteses, onde meu objetivo era manter uma a atitude de não aceitar nem negar uma determinada proposição ou juízo. Não aconteceu do dia para o noite, foi um processo e com muita paciência, hoje tenho mais habilidade em criar esse afastamento, não me apegar ao modo com que a pessoa disse, mas sim ao que ela disse.
Falando sobre isso, fazer um curso sobre feedback na Alura foi um grande presente, porque tive a oportunidade de criar um conjunto de ferramentas para orientar os e as estudantes a lidar com feedbacks ruins, criar esse afastamento e estar atento ao que elas podem melhorar, independente da forma que elas recebem esse feedback. Digo isso porque muitas pessoas só replicam as experiências que tiveram, ainda que inconscientemente, elas pensam “eu só recebia feedbacks assim e olha como estou hoje?”, “sempre foram duros comigo, é só assim que se aprende.” Percebeu dois comportamentos relacionados a socialização primária? Pois é, eu também.
Na Alura temos diversos instrutores referências nas suas áreas de conhecimento, o que me faz lembrar o quanto posso aprender com eles. Nesse contexto aplico uma estratégia de marketing, o famoso banchmarking, ou seja, sempre assitos aos cursos deles para ver se aprendo algo novo, se consigo aplicar alguma técnica de aprendizado desses instrurtores nos meus cursos. Porque um dos principais intuitos que uma pessoa que atua com educação precisa primar é a qualidade com que se ensina. Não basta somente saber, deter todo o conhecimento. A mágica do aprendizado só acontece quando aquilo que você sabe faz sentido para o outro.
Mas assim é a vida, um processo constante de descobertas e frustrações, e a nossa capacidade de superação é quem vai diferenciar a forma com que trabalhamos.
Espero que esse texto faça sentido para você e principalmente para quem quer atuar na área da educação online.
Abraços e até a próxima.
Priscila Stuani
ψ Psicóloga clínica
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